RICK LAST STANDS

Thursday, September 28, 2006

"Pois é..."

Tuesday, September 26, 2006

"Mar de Lama"

Saturday, September 02, 2006

"Discurso"



Tudo bem...
A vitória do PT, e já no primeiro turno, é inevitável !
Teremos que suportar o seu discurso medíocre e rancoroso por mais quatro anos.
Tudo bem...
A Bolívia é logo ali, tem bons empregos em infra-estrutura agrícola. Ademais, com telefone, Voip, Net, e muitos outros similares, nada fica mais “tão longe...”
O problema não é esse...
O que me causa espanto é pensar que nosso povo ainda se vende por esmolas, como na época das Capitanias Hereditárias, e também, como naquela época, faz ouvidos surdos e coração cego ao sem numero de “sacanagens” e roubos...
Eu sei que nosso país é muito diferente regionalmente, e que tem lugares em que essa esmola de Bolsa Família até ajuda. Mas engolir a propaganda governamental, dizendo que o “Bolsa Família mudou a vida das pessoas...” Isso é insuportável para mim !!!!
Não é possível ficar sem reação.
Por desencargo de consciência fui no site do PT.
Nenhuma proposta concreta. Nada que alguém com um mínimo de conhecimento e cultura consiga tirar de proveitoso. Só discurso, e de discursos vazios, estamos fartos. Eu estou pelo menos.
Fico pensando...
Tenho o povo brasileiro como o povo mais “gente boa” que temos nos cinco continentes. Cortês, gentil, e que soube receber todos os povos que escolheram essa terra para “tocar” a vida. Não se tem noticias de conflitos étnicos, muito menos religiosos.
Nas cidades grandes, notadamente São Paulo, é muito comum encontrar povos, que em sua terra de origem vivem em conflito, e que aqui vivem em harmonia e em paz.
Aqui não há terrorismo, pois o que o PCC faz é terrorismo de “meia tigela”, e só o faz, porque nossas leis são ultrapassadas, culpa de legisladores corruptos e incompetentes, esses sim são perigosos na medida do mal que fazem.
Falar de recursos naturais é um lugar comum, já que é muito fácil comparar-nos com outros países, até os de primeiro mundo.
O que nos falta então?
Podem-se dar mil respostas a essa pergunta, então dou a minha.
O que falta é pararmos de ser passivos; pararmos de pensar que este é o país do carnaval, e que o Brasil tem o melhor futebol do Mundo (na verdade temos o melhor vôlei... Futebol? Afff !!! ...) e que todo resto não importa...
Pararmos definitivamente de aceitar que quem gerencia a “coisa pública” a lápide, em benefício próprio. Pararmos de aceitar esmolas, mesmo por que, as esmolas são do nosso próprio dinheiro. Ao invés disso, temos que exigir que o nosso dinheiro seja investido em nosso benefício e crescimento. Cada centavo!!!
Cobrar dos deputados que colocamos lá. Mas cobrar mesmo!!!
Encher o saco do cara, mandar e-mail, fazer caravana, telefonar (e a cobrar)... Não dar sossego. Fazer com que ele perceba que a finalidade dele ser é para trabalhar por quem o elegeu.
Enfim,
Darmos-nos a importância que merecemos.
Fazer valer as nossas vontades e necessidades.
E não deixar, nunca mais, que sanguessugas e mensaleiros cheguem perto de Brasília, ou mesmo da repartição publica da esquina ai da sua casa. Por favor, nunca mais...
Não permita.
(... que empresa será que faz vôos para La Paz?)

"Clic"





Luis Fernando Verissimo

Cidadão se descuidou e roubaram seu celular. Como era um executivo e não sabia mais viver sem celular, ficou furioso. Deu parte do roubo, depois teve uma idéia. Ligou para o número do telefone. Atendeu uma mulher.
— Aloa.
— Quem fala?
— Com quem quer falar?
— O dono desse telefone.
— Ele não pode atender.
— Quer chamá-lo, por favor?
— Ele esta no banheiro. Eu posso anotar o recado?
— Bate na porta e chama esse vagabundo agora.
Clic. A mulher desligou. O cidadão controlou-se. Ligou de novo.
— Aloa.
— Escute. Desculpe o jeito que eu falei antes. Eu preciso falar com ele, viu? É urgente.
— Ele já vai sair do banheiro.
— Você é a...
— Uma amiga.
— Como é seu nome?
— Quem quer saber?
O cidadão inventou um nome.
— Taborda. (Por que Taborda, meu Deus?) Sou primo dele.
— Primo do Amleto?Amleto. O safado já tinha um nome.
— É. De Quaraí.
— Eu não sabia que o Amleto tinha um primo de Quaraí.
— Pois é.
— Carol.
— Hein?
— Meu nome. É Carol.
— Ah. Vocês são...
— Não, não. Nos conhecemos há pouco.
— Escute Carol. Eu trouxe uma encomenda para o Amleto. De Quaraí. Uma pessegada, mas não me lembro do endereço.— Eu também não sei o endereço dele.
— Mas vocês...
— Nós estamos num motel. Este telefone é celular.
— Ah.
— Vem cá. Como você sabia o número do telefone dele? Ele recém-comprou.
— Ele disse que comprou?
— Por que?O cidadão não se conteve.
— Porque ele não comprou, não. Ele roubou. Está entendendo? Roubou. De mim!
— Não acredito.
— Ah, não acredita? Então pergunta pra ele. Bate na porta do banheiro e pergunta.
— O Amleto não roubaria um telefone do próprio primo.E Carol desligou de novo.
O cidadão deixou passar um tempo, enquanto se recuperava. Depois ligou.
— Aloa.
— Carol, é o Tobias.
— Quem?
— O Taborda. Por favor, chame o Amleto.
— Ele continua no banheiro.
— Em que motel vocês estão?
— Por que?
— Carol, você parece ser uma boa moça. Eu sei que você gosta do Amleto...
— Recém nos conhecemos.
— Mas você simpatizou. Estou certo? Você não quer acreditar que ele seja um ladrão. Mas ele é, Carol. Enfrente a realidade. O Amleto pode Ter muitas qualidades, sei lá. Há quanto tempo vocês saem juntos?
— Esta é a primeira vez.
— Vocês nunca tinham se visto antes?
— Já, já. Mas, assim, só conversa.
— E você nem sabe o endereço dele, Carol. Na verdade você não sabe nada sobre ele. Não sabia que ele é de Quaraí.
— Pensei que fosse goiano.
— Ai esta, Carol. Isso diz tudo. Um cara que se faz passar por goiano...
— Não, não. Eu é que pensei.
— Carol, ele ainda está no banheiro?
— Está.
— Então sai daí, Carol. Pegue as suas coisas e saia. Esse negocio pode acabar mal. Você pode ser envolvida.
— Saia daí enquanto é tempo, Carol!
— Mas...
— Eu sei. Você não precisa dizer. Eu sei. Você não quer acabar a amizade. Vocês se dão bem, ele é muito legal. Mas ele é um ladrão, Carol. Um bandido. Quem rouba celular é capaz de tudo. Sua vida corre perigo.
— Ele esta saindo do banheiro.
— Corra, Carol! Leve o telefone e corra! Daqui a pouco eu ligo para saber onde você está.
Clic.
Dez minutos depois, o cidadão liga de novo.
— Aloa.
-- Carol, onde você está?
— O Amleto está aqui do meu lado e pediu para lhe dizer uma coisa.
— Carol, eu...
— Nós conversamos e ele quer pedir desculpas a você. Diz que vai devolver o telefone, que foi só brincadeira. Jurou que não vai fazer mais isso.
O cidadão engoliu a raiva. Depois de alguns segundos falou:
— Como ele vai devolver o telefone?
— Domingo, no almoço da tia Eloá. Diz que encontra você lá.
— Carol, não...Mas Carol já tinha desligado.
O cidadão precisou de mais cinco minutos para se recompor. Depois ligou outra vez.
—Aloa.Pelo ruído o cidadão deduziu que ela estava dentro de um carro em movimento.
— Carol, é o Torquatro.
Quem?
— Não interessa! Escute aqui. Você está sendo cúmplice de um crime. Esse telefone que você tem na mão, esta me entendendo? Esse telefone que agora tem suas impressões digitais. É meu! Esse salafrário roubou meu celular!
— Mas ele disse que vai devolver na...
— Não existe Tia Eloá nenhuma! Eu não sou primo dele. Nem conheço esse cafajeste. Ele esta mentindo para você, Carol.
— Então você também mentiu!
— Carol...
Clic.Cinco minutos depois, quando o cidadão se ergueu do chão, onde estivera mordendo o carpete, e ligou de novo, ouviu um "Alô" de homem.
— Amleto?
— Primo! Muito bem. Você conseguiu, viu? A Carol acaba de descer do carro.
— Olha aqui, seu...
— Você já tinha liquidado com o nosso programa no motel, o maior clima e você estragou, e agora acabou com tudo. Ela está desiludida com todos os homens, para sempre. Mandou parar o carro e desceu. Em plena Cavalhada. Parabéns primo. Você venceu. Quer saber como ela era?
— Só quero meu telefone.
— Morena clara. Olhos verdes. Não resistiu ao meu celular. Se não fosse o celular, ela não teria topado o programa. E se não fosse o celular, nós ainda estaríamos no motel. Como é que chama isso mesmo? Ironia do destino?
— Quero meu celular de volta!
— Certo, certo. Seu celular. Você tem que fechar negócios, impressionar clientes, enganar trouxas. Só o que eu queria era a Carol...
— Ladrão
— Executivo
— Devolve meu...
Clic.Cinco minutos mais tarde. Cidadão liga de novo. Telefone toca várias vezes. Atende uma voz diferente.
— Ahn?
— Quem fala?
— É o Trola.
— Como você conseguiu esse telefone?
— Sei lá. Alguém jogou pela janela de um carro. Quase me acertou.
— Onde você está?
— Como eu estou? Bem, bem. Catando meus papéis, sabe como é. Mas eu já fui de circo. É. Capitão Trovar. Andei até pelo Paraguai.
— Não quero saber de sua vida. Estou pagando uma recompensa por este telefone. Me diga onde você está que eu vou buscar.
— Bem. Fora a Dalvinha, tudo bem. Sabe como é mulher. Quando nos vê por baixo, aproveita. Ontem mesmo...
— Onde você está? Eu quero saber onde!
— Aqui mesmo, embaixo do viaduto. De noitinha. Ela chegou com o índio e o Marvão, os três com a cara cheia, e...



Extraído do livro "As Mentiras que os Homens Contam", Editora Objetiva - Rio de Janeiro, 2000, pág. 41.A vida e a obra de Luis Fernando Verissimo estão em "Biografias".